Trabalhar em casa não reduz produtividade, comprova pesquisa
- Empreenda Maria ©
- 4 de mai. de 2020
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Duas empresas sondaram mais de mil profissionais de empresas de pequeno e médio porte em todo país. Este é o estudo mais abrangente sobre o tema realizado até agora, com 1.121 entrevistados entre julho e agosto de 2019. O relatório trouxe duas análises importantes. Primeiro que, segundo os entrevistados, o home office não reduz produtividade. Segundo, que pode contribuir para a inclusão de mulheres e PCDs no mercado de trabalho.

O principal achado é a discrepância entre as expectativas dos profissionais e as possibilidades ofertadas pelas empresas. Apesar de a maioria dos colaboradores considerar (33,1%) ou querer (58,8%) trabalhar em home office, dois terços (63,6%) das empresas ainda não possui política para teletrabalho.
A pesquisa identificou que a cultura da empresa é considerado o principal fator limitante (53,2%) - o que ganha relevância ao considerar que 53,8% dos entrevistados atuam em Gestão de pessoas/Recursos humanos.
O que diz a lei - O teletrabalho passou a ser regulamentado a partir da Reforma Trabalhista. A principal alteração para colaboradores contratados exclusivamente neste regime é o sistema de remuneração. Ao invés de ser compensado pelo horário, o pagamento se refere às tarefas executadas no período acordado.
Não há, ainda, determinação legal sobre a infraestrutura necessária à execução do trabalho sem sair de casa. O acordo é firmado contratualmente entre colaborador e empresa empregadora, sem envolver a Justiça do Trabalho ou sindicatos. No mais, todos os direitos trabalhistas se mantêm.
Incentivos à implantação - As empresas de tecnologia e marketing estão na vanguarda da flexibilização do trabalho, tanto em horário quanto de local. A Dell, por exemplo, planeja que 50% de sua força de trabalho opere em home office até 2020. Esta poderá ser a realidade brasileira.
Percebe-se que o porte da empresa não implica, necessariamente, o impedimento do trabalho em regime home office.
A previsão é que a flexibilização do trabalho ganhe fôlego. Em entrevista à Veja, o gerente-executivo da Michael Page João Paulo Klüppel conta que "A base desse modelo é aumentar a produtividade visando a qualidade de vida dos colaboradores, mas, além disso, não deixa de ser uma política de retenção e uma forma de reduzir custos".
Entre os participantes da pesquisa, as limitações à implantação do regime home office se mostraram mais táticas e operacionais do que estratégicas. Para combatê-las, as empresas têm formalizado Políticas de Gestão de Ponto e estabelecido novas regras que variam do estabelecimento de metas à entrega de relatórios de atividades por quem deseja trabalhar de casa.
Desafios x Resultados - O controle de horas trabalhadas para a gestão de jornada de trabalho é a principal dificuldade encontrada para 44,8% das empresas. Manter a produtividade no trabalho é o próximo desafio, atingindo 40% dos entrevistados.
Contudo, as mesmas empresas respondem que as premissas tidas como empecilhos à implantação do home office não se sustentam.
Colaboradores em regime de teletrabalho são tão ou mais produtivos que os que estão alocados apenas no escritório. Somente 3,5% dos participantes da pesquisa identificaram rendimento abaixo da média entre colaboradores em home office. Trabalhar em casa é avaliado como sinônimo de alto rendimento por 52,1% dos entrevistados.
Entretanto, dois terços das empresas exigem que os colaboradores frequentem o escritório todas as semanas, preservando a cultura organizacional. Contudo, há bastante variação entre quantos dias da semana o colaborador deve estar fisicamente presente: 20,7% dos respondentes devem visitar a empresa uma vez, e 35,5% dos colaboradores precisam ir à empresa duas ou três vezes na semana.
Para os dias de teletrabalho, já existem softwares disponíveis para o apontamento de atividades realizadas, como o Ahgora Timesheet. O gerenciador de tarefas funciona integrado ao registro de ponto, além de estar disponível no formato pluggin para os navegadores Google Chrome e Mozilla Firefox ou Trello.
O controle da jornada de trabalho em home office não é obrigatório, mas tecnologia para controle de ponto também está disponível. São opções viáveis os aplicativos de ponto para celular ou no navegador de internet, desde que regulamentados pelaPortaria 373 do MTE - Ministério do Trabalho e Emprego. A segurança é aumentada quando há validação via biometria facial ou digital.
Mais do que comodidade, inclusão - A flexibilidade é, muitas vezes, considerada uma vantagem por candidatos que acabam por migrar para empresas em que ela é possível.
O trabalho feito de casa pode ser uma alternativa para assegurar a operação de empresas em momentos em que não poderão garantir a presença de todos os trabalhadores e terão que lidar com a insatisfação gerada pelas dificuldades diante de limitações de mobilidade. É o caso de greves e crises nos transportes, por exemplo.
Muito mais importante, influencia a motivação e o engajamento das equipes, além de ser fator para inclusão e diversidade.
Pessoas com dificuldades de locomoção, pessoas com deficiência (PCDs) ou com questões pessoais diversas (de endometriose à síndrome do pânico) têm no regime possibilidades de atuação profissional, sem abrir mão do conforto. O pool de talentos disponíveis para contratação amplia-se.
Inclusive, a flexibilidade e possibilidade de home office é uma maneira de atrair mulheres para o ambiente corporativo e reduzir a disparidade de gênero. Ainda segundo a Hays:
57% dos homens entrevistados consideram o benefício importante ao optar por um posto.
72% das mulheres entendem este como um fator indispensável.
Estes são apenas alguns dos motivos para a gestão de pessoas considerar a adoção de um sistema misto, conciliando home office e presença na estrutura da empresa.
Para entender como as empresas devem proceder para o colaborador poder trabalhar em casa em regime de home office, bem como conferir o panorama atual das empresas brasileiras, você pode baixar a pesquisa completa no link bit.ly/pesquisahomeoffice.
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